Thursday, October 30, 2008

"Casas", de teatrices amigas :)


Aproxima-se a estreia de Casas.

Trata-se de um texto de Miguel Castro Caldas e encenação de Gonçalo Amorim, e vai ser levada à cena pelo teatroàparte.

Estão marcadas 9 apresentações no Auditório da Biblioteca Orlando Ribeiro para os seguintes dias:

14, 15, 21, 22, 28 e 29 de Novembro às 22h e 15, 22 e 29 às 16h.

Ouvi dizer que esgota frequentemente, por isso toca a reservar! :)


Aqui ficam os contactos:

teatroaparte@sapo.pt

Raquel Albino - 964 226 176


Boas teatrices :o)

Wednesday, October 29, 2008

"Os Antílopes" ou o nosso desconhecimento (in)assumido...

Teatro: Comédia absurda "Os Antílopes", sobre "a relação dos brancos com África"

Lisboa, 29 Out (Lusa) - A Companhia de Teatro de Almada estreia quinta-feira a comédia absurda "Os Antílopes", do escritor sueco Henning Mankell, no Teatro Municipal de Almada, numa encenação de Solveig Nordlund.

"[A peça] conta a última noite em África de um casal de cooperantes que está à espera do substituto do marido num projecto do Banco Mundial para abrir poços... e o substituto acaba por chegar", disse à Lusa a encenadora sueca naturalizada portuguesa.Os actores Isabel Muñoz Cardoso, José Airosa e Rogério Vieira vestem a pele das três personagens desta comédia, que a encenadora escolheu para apresentar este escritor e argumentista sueco de 60 anos, que há muito tempo vive entre a Suécia e Moçambique e cuja obra nunca foi representada em Portugal."Ele diz que os negros são as personagens principais da peça, mas são invisíveis. Portanto, os actores da peça são os brancos, a peça é sobre a relação dos brancos com África", explicou Solveig Nordlund, uma relação que Mankell "conhece bem", porque vive e trabalha em Maputo, como director do Teatro Avenida, para o qual escreve e encena."São dois mundos - é isso que ele sublinha - que não se conhecem e, de facto, não se compreendem", observou.Sobre a sua ida para África, o escritor explica, citado no comunicado do TMA, que não foi "por motivos românticos"."Aqui não há nada de paradisíaco - bem pelo contrário. Mas desde a infância sabia que um dia havia de vir para cá", afirma Mankell, que nasceu numa pequena cidade do nordeste da Suécia, se casou com a filha do cineasta Ingmar Bergman e foi, durante anos, dramaturgo e encenador, até publicar, em 1973 o seu primeiro romance, e se celebrizar com o policial "Assassino sem Rosto", a que se seguiram outros (publicados em Portugal pela Presença)."Fico colérico quando oiço a forma como se fala de África [na Europa]. Sabemos tudo acerca de como os africanos morrem, e nada sobre a forma como eles vivem! Chegou a altura de África invadir a Europa com as suas histórias, tal como fez a América Latina nos anos sessenta", defende.Henning Mankell mantém a sua ligação à Suécia, através da editora que fundou, a Leopard, na qual utiliza os lucros das vendas dos seus romances policiais para publicar autores africanos.Fundou igualmente uma oficina de escrita, a que chamou Memory Books, para que pessoas infectadas com o vírus da sida possam deixar aos filhos um testemunho das suas vidas. "Os Antílopes" estará em cena na sala experimental do Teatro Municipal de Almada (TMA) até 30 de Novembro, de quarta-feira a sábado às 21:30 e ao domingo às 16:00.Na quinta-feira, depois da estreia da peça, pelas 23:30, será inaugurada na galeria do teatro uma exposição de pintura da autoria da encenadora, realizadora e pintora Solveig Nordlund, de 64 anos, à qual o TMA dedica o mês de Novembro.A completar o programa, decorrerá ainda um ciclo de cinema, em que serão exibidos quatro filmes por ela realizados, o primeiro dos quais será, no dia 04, "Comédia Infantil" (2003), uma adaptação de um livro de Mankell com o mesmo nome, editado em Portugal pela Asa."É uma história sobre crianças de rua em África, crianças na guerra, é uma história mágica e muito bonita", referiu.A 13 de Novembro, será projectado o filme "Aparelho Voador a Baixa Altitude" (2002), dia 15 será a vez de "Uma História Imortal" (1992) e, a 19, "Uma História Imortal" (2003).

"Rock'n Roll"

Deixo aqui algumas notas sobre a peça "Rock'n Roll", que vi em 18/4/2008 (sim, eu sei, já foi há algum tempo :), mas são notinhas que quero mesmo relembrar!).

Foi uma peça que adorei, achei brilhantes os desempenhos dos actores, como o Paulo Pires, a grande Beatriz Batarda, o grande Rui Mendes, foram absolutamente fantásticos!

Aqui fica uma pequena sinopse:

Em Rock ‘n’ Roll, peça estreada em Junho de 2006 no Royal Court Theatre em Londres, os anos de 1968 a 1990, do movimento estudantil à queda do Muro de Berlim, são apresentados de uma dupla perspectiva: a partir de Praga, onde uma banda de rock ‘n’ roll se torna um símbolo de resistência ao regime socialista, e a partir de Cambridge, onde o amor e a morte marcam a vida de três gerações da família de um filósofo marxista.

O que deixo aqui são notas sobretudo interessantes para mim, e que me fascinaram pela beleza com que os actores desempenharam os seus papéis, mostrando que o Teatro é mesmo uma arte!! :))

Tratam-se de dicas ou pequenos 'truques' que se aplicam em teatro, para dar realismo à cena e não deixar que o espectador se aperceba que é teatro, mas se envolva na historia como se ela fosse real...

Aqui ficam!

Cenário: Momentos de silêncio quando estão a falar connosco

Dicas:

  • Mostrar interesse contextualizado na conversa - de acordo com a personagem, fixar o interlocutor, ou nao olhar, ou mostrar enfado, ou alegria, conforme o assunto em questão
  • Tudo conta! O gesto, a expressão corporal, a expressão facial, o tom de voz. Tudo enquadrado na personagem e no contexto da cena.

Ideia: Mudança de cena

Com 'truques' audiovisuais (imagens, musica, tudo contextualizado com a peça)

Cenário: diálogo aceso

Dicas:

  • Tocar a pessoa, agarrá-la no ombro, virar-lhe as costas, enquanto falamos, e dentro do contexto da personagem/cena pegar e objectos e gesticular com eles

Cenário: Sair de cena

Dicas:

  • Não desmanchar logo a personagem. Não ter pressa em sair da personagem (exemplo: Paulo Pires continua a bater as teclas da máquina de escrever enquanto o palco gira e ele sai de cena. Mesmo quando deixamos de o ver, continuamos a ouvir o bater das teclas.

Dicas a não esquecer!! :)

Wednesday, October 22, 2008

"Jerusalém", de Gonçalo M. Tavares

Teatro O Bando estreia adaptação de "Jerusalém", de Gonçalo M. Tavares, no CCB

http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=369290&visual=26&rss=0

Lisboa, 22 Out (Lusa) - As sete personagens ensombradas do romance "Jerusalém", de Gonçalo M. Tavares, sobem quinta-feira ao palco do Centro Cultural de Belém, pela mão do Teatro O Bando, numa encenação de João Brites.

São elas Theodor Busbeck, médico, e Mylia, sua mulher, que ele teve de internar no "mais conceituado" hospício da cidade, Kaas, o filho dela e de Ernst Spengler, outro doente do hospício, o doutor Gomperz, director do hospício, Hinnerk, um ex-combatente que trouxe duas coisas da guerra - uma arma e a permanente sensação de medo - e a sua noiva, Hanna, uma prostituta que lhe dá dinheiro para sobreviver.
João Brites, encenador e director do Teatro O Bando, chamou a esta adaptação ao palco uma "re-trans-des-montagem" do romance, o terceiro volume da tetralogia "O Reino", dos "livros pretos" que Gonçalo M. Tavares escreveu sobre o mal (os outros são "Um Homem: Klaus Klump", "A Máquina de Joseph Walser" e "Aprender a Rezar na Era da Técnica").
"É como se a obra fosse uma escultura. Nós andámos à volta da escultura e escolhemos um ângulo: a questão do horror que está por detrás da normalidade, deste tempo, esta maneira de contar, que reflecte de alguma forma o conteúdo", indicou.
A história que entrelaça as vidas das personagens "passa-se numa noite, é contada de forma fragmentada e abrange 20 anos... Quisemos fazer um espectáculo não-datado, não-relacionado com o Holocausto, ainda que ele venha citado no livro", sublinhou.
Porque se trata de "uma versão" e porque "o teatro materializa as imagens", em cena, temos um monte de engaço (o que resta dos cachos de uvas depois da vindima), onde as personagens se sentam e por vezes se enterram, numa cidade ocupada, habitada por actores e espectadores (que entram pela mesma porta, estando parte da plateia no palco, virada para uma parede de tijolo), em que a noção de presente é o que une a ficção à realidade.
Existem, explicou Rui Pina Coelho - que fez a análise literária e dramatúrgica do romance -, quatro níveis de representação na peça: "Explica, fala, pensa e evoca".
"O `explica` é quando as personagens se dirigem mais ao público, o `fala` são os momentos mais dialógicos, onde há uma relação mais entre personagens, o `evoca` é quando a personagem evoca momentos do seu passado ou evoca outras personagens e o `pensa` tem que ver com os pensamentos que são dirigidos ao cão que está em cena", referiu.
Aos sete actores em palco - Cristiana Castro, Horácio Manuel, João Barbosa, Nicolas Brites, Raul Atalaia, Rosinda Costa e Suzana Branco - junta-se um cão, que pertence a um deles, cujo pêlo "parece o engaço" que forma boa parte do cenário, e que representa "um risco", porque "não percebe estes humanos, que todos os dias dizem e fazem as mesmas coisas", comentou João Brites.
A escolha deste romance para fazer "uma versão de palco" deveu-se "à questão da actualidade e da dimensão étnico-política, esta responsabilidade que acho que os artistas têm de ter e que nunca sabem expressar, para não serem panfletários, redundantes, moralistas", defendeu.
"Este texto permite-nos exorcizar um pouco essa procura", observou.
Gonçalo M. Tavares foi a Palmela assistir a um ensaio e "ajudou e influenciou de forma positiva o processo de adaptação do texto" ao que o encenador define como "uma visão", dizendo-lhes "cortem texto" - o contrário do que muitos autores diriam, observou.
O resultado é a peça "Jerusalém", que estará em cena no pequeno auditório do Centro Cultural de Belém até 02 de Novembro.